Os gabinetes de ficção servem como objetos de exploração da ficção criada. Cada um dos elementos do grupo ficou com uma das quatro fases do objeto ficcional, o que permitiu não apenas expor a visão que cada um tinha da ficção, como também a busca da essência e do tipo de narrativa para o objeto final, que posteriormente iria ser criado. Permitiu-nos também reformular e adicionar algumas ideias, uma vez que estes gabinetes tiveram um papel quase de objetos-piloto para a ficção que havia sido idealizada.
A acompanhar o registo audiovisual está um pequeno texto que explica a narrativa criada a partir de uma das fases da ficção, e que enquadra as suas intenções de acordo com as do objeto final. Cada um dos gabinetes funciona quase como uma extensão da fase que lhe corresponde, o que permite um melhor entendimento do projeto.
Como seria o nosso mundo e a nossa estrutura social se não existisse ficção? Esta pergunta foi o ponto de partida para a criação de “Structure”, um vídeo que expôe a ideia de um mundo nestas circunstâncias através da perspetiva de um indivíduo que se depara com o que pode esperar do seu novo emprego, escolhido após uma análise às suas vocações.
A nossa ficção sobre uma sociedade sem ficção traz muitas especulações de como as pessoas viviam o seu dia-a-dia, como seriam as suas rotinas? existiam momentos de entretenimento? Seria uma rotina feliz? Para nós, que já estamos tão habituados a viver com ficção, é muito estranho e quase impossível mas, para as pessoas dessa sociedade passa a ser completamente normal.
A romantização do amor é porventura desejável, faz-nos querer alcançá-lo na sua forma idealizada, e acreditamos que isso nos fará felizes. Num mundo sem ficção não existem tais conceitos. Quando o desejável é a funcionalidade e o pragmatismo não há espaço para idealizações e relações duradouras baseadas no preceito de união eterna. Uma sociedade que planeia rigorosamente cada passo que toma para a maximização da sua funcionalidade a todos os níveis, não permite tais devaneios.
Um universo sem ficção fica desprovido de criatividade, imaginação e muitas outras coisas fundamentais à nossa liberdade mental. Sem a possibilidade de se expressar, o lado criativo fica represado e, sem essa componente, o indivíduo fica incompleto, perde a sua personalidade. Este está preso a uma rotina monótona, ansiando por algo mais.